quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A Teologia do Culto

A situação ficou catastrófica!
Pervertemos o culto do SENHOR. Em letras maiúsculas para nos lembrarmos que a tradução do tetragrama que em português é Jeová, é traduzida por Senhor e a SBB - Sociedade Bíblica do Brasil - traduz desta forma em caixa alta. Essa expressão é, é de acordo com a teologia bíblica, o nome pessoal de Deus, para colocar de forma simples. Antes que você pergunte onde está o problema eu vou me adiantando.

O culto é a teologia da Igreja posta em prática. Sim! É pelo culto que se conhece a espiritualidade de uma Igreja. Você pode saber pelo culto se é essa Igreja é bíblica ou não. Não precisa ser doutro em nada para saber dessas coisas. Uma lida profunda nas Sagradas Escrituras e uma boa observada a sua volta vai lhe mostrar que a coisa tá bem bagunçada.

Muitas vezes a Escritura vai nos apontar o caminho a seguir. Deixe me dar um exemplo. O Decálogo tem uma série de leis, as quatro primeiras para ser mais exato, que se referem a nossa relação com Deus e desembocam na nossas prática litúrgica. Ainda sim temos um livro completo com cânticos e um outro livro onde Deus vai exigir que se concerto o culto ao seu nome.

O livro de Malaquias, que nos só conhecemos 3.10, é todo Escrito para orientar o povo de Israel que eles estavam adorando errado. Como a Bíblia é para nós por completo, se entende que não importa como vamos fazer, mas o culto não pode perder as características que Deus deu, uma vez que esse culto é prestado ao seu nome. Ainda que você questione que o livro de Malaquias fale de assunto como divórcio e ministério sacerdotal, vale lembrar que divórcios aconteciam por questões cultuais, e o culto a Jeová estava profanado por que os sacerdotes abandonaram a lei do Senhor.

Isso posto duas coisas devem ficar claras. Primeiro, não dá para fazer um culto de qualquer forma, uma vez que Deus detalhou para o seu povo a forma pela qual ele queria e tinha, e ainda tem, que ser cultuado. Não é obra do coração do homem nem o que este sente que vai determinar o culto do Senhor. Deus tem regras para como o homem deve prestar culto a ele, e essa regra deve ser respeitada com zelo.

Segundo, se o culto é determinado por Deus, o nosso coração não pode exigir espaço neste ambiente senão o de contrição. Em muitos lugares onde nós vamos a forma de culto está mundana. Eu concordo que a firmeza litúrgica não deve ser de forma nenhum uma barreira para o fervor dos cristãos, uma vez que o fervor para cultuar o Senhor vem de nossa devoção orientada e fundamentada nas sagradas letras. Ainda sim deve haver uma reverência específica para o culto. Não é por que o culto tem que ser fervoroso que podemos permitir toda e qualquer manifestação no culto do Senhor.

O meu coração, meus métodos, minhas ideias, as pessoas fora da Igreja, nada disso pode influenciar minha forma de culto. Os Puritanos estavam certo quanto afirmavam a centralidade Bíblica do culto. As Escrituras não podem ter um tempo no culto, mas preencher o culto de modo que não fique espaço para nada que seja de acordo com nossa vontade.

No Cristo Ressurreto:
Samuel Alves
O Pregador

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

500 anos, mas nem tudo é festa.

Na semana passada terminou o outubro mais importante da história da Igreja neste século. O outubro onde a Reforma Protestante se iniciou. No dia 31/10 /1517, na minha opinião a mais bela data da história da Igreja, um monge agustiniano doutor em Teologia afixou 95 teses convidando o vendedor de indulgências Johan Tetzel para uma disputa sobre a eficiência das indulgências. em latim: Disputatio pro declaratione virtutis indulgentiarum.

Essas teses, que ficaram conhecidas ao longo dos anos como as 95 teses, tinham o alvo de chamar atenção do clero, na verdade, dos acadêmicos, uma vez que o texto é todo escrito em latim. Sua intenção não era dividir a Igreja. Aliás nunca foi intenção de nenhum dos Reformadores. A ideia nunca foi dividir a cristandade. O alvo era mesmo uma reforma moral e teológica na Igreja da época, que até hoje é conhecida por sua imoralidade.

As disputas eram a forma de esboço de um debate. A ideia não era uma revolução. Por que 31 de outubro? Exatamente neste dia, o povo saia em festa por causa de uma tradição mística que anos depois foi transformada em Halloween. Nesse tempo a festa era mas pra os adultos e tinha muita libertinagem. Como os fatos que levaram Martin Lutero a pedir essa disputa foram próximos dessa data ele se utilizou por que sabia que no dia seguinte a multidão iria a Igreja para a celebração do dia de todos os santos. E foi assim que tudo começou.

É óbvio que estou tratando de forma caricata a Reforma Protestante. Se fosse fiel a todo o relato, o que pretendo fazer em uma série de artigos por aqui mesmo, teria que começar com a Igreja primitiva, passar pelo concílio de Niceia, e me deter na Teologia e vida de Santo Agostinho. Mas esse post tem outra intenção. Meu objetivo aqui é mostrar que nem tudo foi festa. Não que não esteja alegre por viver essa tão nobre celebração. Não que concorde com os ignorantes, como por exemplo um pastor de linha Pentecostal natural do estado da Bahia que, na mesma semana do aniversário da Reforma, afirmou que os evangélicos não tinha nada que ver com a reforma. O mesmo foi rechaçado até mesmo pelos Pentecostais.

Um outro problema reside no fato que muitos dos que comemoraram os 500 anos da Reforma não têm nenhum compromisso com os postulados da mesma. Igrejas onde o Sola Scriptura é uma frase sem sentido algum, onde seu conceito mais puro não passa nem de longe. Líderes que foram as seus púlpitos, lotaram igrejas, mas não entendem o por que do Soli Deo Gloria. Falaram da Reforma por puro oportunismo. Não por que agradecem de verdade, até porque se comportam como os velhos cardeais da igreja medieval. Suas mentes estão cativas aos seus próprios desejos.

Nem tudo é festa porque muitos desses crentes não entendem nem conhecem a boa Teologia que é a maior herança da Reforma. Esses fiéis ouvem domingo após domingo um sermão sofrível, com muito barulho, psicologia barata e recursos de oratória que servem apensa para cativar suas mentes que, por falta do ensino da palavra do Senhor não, padecem miseravelmente. Por que esses mesmos líderes esquecem da norma de Os 4.6
O meu povo está sendo destruído porque lhe falta conhecimento. Porque rejeitaste o conhecimento, eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, eu me esquecerei de teus filhos.

Nem tudo é festa por que muitos se apropriaram da data sem sequer saber alguma coisa dela, ou simplesmente comemoraram a festa mesmo não se subordinando a nenhum dos pontos da Reforma. Para eles a fé é uma meio para alcançar um benefício, a graça é um vale para atos permissivos na vida e no culto, a escritura é um amuleto, Cristo é um cara legal e a glória de Deus é algo para se sentir e não um alvo a ser alcançado por aqueles que foram salvos.

A coisa piora...

Nem tudo é festa por que esses mesmos "reformados", que o são por moda, distorceram  as verdades dos 5 solas afim de parecer que existe alguma coisa em seus sistemas que pareça Evangelho ou que pelo menos tenha cara de reforma. Usam da liberdade que a Reforma lhes deu para criarem novos papados. Cada um tendo seu próprio trono e fazendo dos fiéis seus súditos  e dos líderes menores, muitas vezes mais piedosos que eles, seus eternos vassalos. Aumentando a soma dos fardos dos cansados e da opressão dos oprimidos, criando apenas gente doente e adoecendo outras com uma visão triunfalista do Evangelho, crendo naquilo que ele nunca disse.

Paro por aqui!
Terei que escrever um livro se for mesmo denunciar todos os erros que os hipócritas cometem. Um artigo só não dá.

Que o bondoso Deus seja exaltado pela vida dos Pais Reformadores e dê a esses outros a oportunidade de retornarem a Reforma como muitos de nós já temos feito. A questão não é volta para Genebra ou Wittenberg, mas voltar ao Evangelho. Essa é a verdadeira Reforma.

Sem mais para o momento,
No Ressurreto,
O Pregador

sábado, 7 de outubro de 2017

O Evangelho e a pregação do Evangelho

Comecemos com a pergunta: tem diferença? Não seriam as duas coisas uma só? Tenho que concordar que isso deixaria tudo bem mais fácil. No entanto aprouve a Deus em seus decretos eternos fazer esses dois pontos separados e diferentes . Isto posto, vamos conversar sobre o tema de forma possamos esclarecer isso para você.

Não há da minha parte a intenção de esgotar o assunto. Seria um bom tema para livro ou artigo. Mas vamos nos debruçar sobre esse tema de maneira rápida, mas sem superficialidades. Nunca esquecendo que nossos posicionamentos buscam a confirmação Bíblica, e não o relativismo das suposições filosóficas.

O que é o Evangelho?
Evangelho é, como disse acertadamente o teólogo anglicano Graeme Goldsworthy, "a mensagem sobre Jesus em sua vida, morte e ressurreição. Acrescentaria aqui a encarnação, uma vez que tudo o que foi feito só podia ser feito por Deus. Sendo assim, a encarnação se torna parte sinequanon do organograma do Evangelho.

Isto posto,
O que é a pregação do Evangelho?
A pregação do Evangelho é o anúncio dessas verdades por meio do uso preparado, piedoso e espiritual da oratória. É bem verdade que podemos testemunhar o Evangelho e a salvação que ele nos revela de várias formas, inclusive com nossas obras pela fé, Tg. 2,18. Sem contar que testemunhamos também com nossa vida.

Definindo, ainda que com poucas palavras, se torna necessária algumas colocações.

1 - Cura, bem estar, realizações, projetos pessoais não se constituem pregação do Evangelho. Você pode chamar de palestra, mas não pregação. Pode chamar de conferência ou encontro mais não de culto. O que permeia a reunião dos crentes, ou a assembleia solene que nos chamamos de culto público é a exposição das Sagradas Escrituras com alvo de se anunciar o Evangelho de Jesus Cristo.

2 - Doutrinas, estudos e debates doutrinários ou de orientação ética não são por si só anúncio do evangelho. Note bem. Um pregador fiel a Deus e a sã doutrina pode falar por horas, sem cometer um único erro doutrinário, e ainda assim não pregar o evangelho. Lembre-se do conceito no 3º parágrafo.

3 - Se o texto não apontar para Cristo de forma clara, é competência do Pregador encontrar uma ponte. Com isso, quero fazer dois apelos, o primeiro é para os pregadores. Lembrem-se do que dizia o Dr Lloyd-Jones: só subam ao púlpito para pregar se vocês tiverem uma mensagem de Deus para pregar. Segundo aos ouvintes. Se a mensagem vos conduzir à cruz , que aconteça com vocês o que ocorreu com o peregrino; que os vossos fardos possam cair diante da glória do crucificado.

Lembremos da ordem do Senhor :
Hoje, se ouvirdes a voz do Senhor, não endureçais vosso coração.

Sem mais para o momento, que o Senhor seja benevolente em seu favor, te fazendo ouvir sua doce voz.

No crucificado,
Samuel Alves
O Pregador

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Estamos de volta! Status: Humilhados!

Depois de mais de dois anos sem uma postagem, e sem saber se tenho ainda seguidores, estamos de volta. Depois de vários acontecimentos, por exemplo, agora sou um homem casado e devidamente ordenado ao sagrado ministério da Palavra e dos Sacramentos. Vários livros lidos e palestras proferidas, aprouve ao bom Deus estarmos de volta às postagens e artigos.

Nunca foi nossa intenção obter sucesso por meio do blog. Mas desde 2009 aproximadamente, estamos falando aquilo que as Escrituras Sagradas nos mostram ser a verdade, assim como o caminho para uma vida cristã que glorifique o nosso Deus e seu Cristo.

Como disse antes depois de muitos livros lidos... Aprendi ainda no ensino fundamental que só pode falar bem e escrever bem que nutre o hábito da leitura. Li muito e falei mais ainda, mas mas acabei escrevendo pouco, o que volto a fazer agora. E, já que os livros mantiveram minha mente funcionando, mesmo nas mais longas fases de inércia intelectual, vou começar essa nova fase indicando um livros para vocês.

Não é minha intenção fazer uma resenha desse texto, mas mas quero apontar, no texto, alguns pontos que são de uma profundidade gritante.

Eis o livros
Inteligência Humilhada.
De Jonas Madureira
Publicado por Edições Vida Nova.

Sinceramente eu não tenho competência para avaliar esse livro. Não falo por sua abordagem extremamente acadêmica, mas pela profundidade com que espiritualidade e cosmovisão cristã foram abordados aqui. Jonas Madureira fez exatamente o que disse que ia fazer. Um pouco de aula, um pouco de pregação e um pouco de gabinete pastoral. (nas minhas palavras)

Um livro escrito por alguém que sabe combinar a vida da academia, o púlpito e o quarto de oração, escrito na forma mais piedosa possível nos fez, começando por Agostinho, e passando por uma exegese monstra de Filipenses 2.5, e sua explicação arrepiante de fronezis, sentimento, e terminando com uma análise do trabalho de Carl F. H. Henry, nos fazendo entender o estado humilhante do homem em sua necessidade de conhecer Deus como Ele quer ser conhecido.

Se eu recomendo?
"Cada dia da sua miserável vida que vc passa sem ler esse livro, sua vida ficará mais miserável."

Sem mais para o momento,
No crucificado, o Deus que conheceu nossa humilhação...
Samuel Alves
O Pregador