sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Nos ombros de um gigante

Conversando um dia com um velho professeor, ele me disse a seguinte frase: você tem até o direito de não ser calvinista, mas nunca poderá entender a reforma sem estudar Calvino, e dificilmente terá um entendimento profundo, teoricamente falando, da glória de Deus, se decidir não ler os seus escritos.

Depois que eu entendi que por teoricamente ele se referia a embasamento, ou exposição do assunto, acabei subscrevendo essa afirmação. Isso pode gerar na sua cabeça a seguinte indagação: um Batista que defende Calvino? Sim! Primeiro que defender, melhor estudar Calvino, não quer dizer que alguém seja calvinista. Segundo, ainda que um Batista de berço, como é meu caso, seja calvinista, ele está apenas retornando ao seu "estado original".

Mas seu eu sou calvinista ou não, vou deixar por conta de suas expeculações. No entanto, quero fazer algumas considerações em defesa do reformador genebrino.

Primeiro, Calvino era um homem de fisíco limitado, mas de uma mente ilimitada. Foi ele que, em Genebra, conseguiu muitas vitórias nos campos social, religioso e juridico. Sua mente foi colocada, por ele mesmo, a disposição da glória de Deus, de modo que em todas as areas onde ele foi chamado para trabalhar, ele foi uma benção para as pessoas e um arauto da glória de Deus.

Segundo, foi a mente desse homem que enriqueceu a igreja ocidental do sec. XVI. Não só as Institutas, mas todos os seus textos, suas cartas, comentarios bíblicos e todo o que ele produziu para a Igreja e em prol da telogia foi uma contribuição espetacular para a Igreja.

Terceiro, as Institutas, sua magna opus, foi produzida para glorificação do reino e não de seu nome. É de conhecimento de poucos que quando Calvino escreveu as Institutas, sua intenção era o fortalecimento dos seus conterraneos que tinha se covertido a fé reformada, mas não tinha o devido conhecimento sobre a fé biblica. E também ajudar esses santos fortalecendo sua fé por meio desta obra.

Quarto, foi o grande teologo da reforma, mas como os outros não queria um cisma e sim uma reforma. Escrevendo para algum de seus correspondentes, ele afirmou que se preciso nadaria sete mares para unificar a igreja. Deixando claro, pelo menos para esse leitor da história, que o seu alvo era mesmo fazer a vontade de Deus e viver para a sua poderosa glória.

Quinto, Calvino foi o advogado de nossa herança. Sem sombra de duvida, os nossos pais avivalistas, pregadores da palavra de Deus, aprenderam com Calvino. Ele quem foi o grande exegeta da Igreja ocidental. Acredito que sem a contribuição de Calvino a igreja teria perdido muito, assim como creio que ela perde quando decide não respeitar a herança que nos foi deixada por esse santo servo de Deus.

Isto posto, algumas coisa retiramos de lição da vida de Calvino e de seu ministério para a busca de uma teologia pastoral realmente biblica.

» Precisamos viver, estudar, pregar e trabalhar para a glória de Deus.
» Devemos buscar a glória de Deus como alvo de nossa vida. A ponto de nossa teologia ser um desdobramento de nossa vida.
» Temos que dedicar tempo e trabalho para o estudo das Ecrituras.
» Cristo e os Apóstolos devem ser nossos guias na tarefa de purificar e reformar a Igreja.
» Precisamos cuidar da cidade por meio do pulpito, e das pessoas por meio do amor cristão. Isso é, ver o evangelho integral de Cristo.

Que o altissímo nos ajude na tarefa de reformarmos a Igreja brasileira em sua forma e essência, para que o reino de Deus seja engrandecido atraves de um igreja biblica e pura, que tenha luz na mente, mas também fogo no coração. Uma igreja que tenha uma vida pura, um clero pura e uma teologia pura para a glória de Deus.

No Nazareno,
Samuel Alves,
O Pregador.